Pedaços, aos pedaços.

terça-feira, fevereiro 12, 2008
Parece que tudo ultimamente, todas as conversas que tenho com as pessoas, estão conectadas.
Ou sou eu que junto tudo em mim mesmo, porque ando em fase de querer absorver de tudo, com medo que tudo acabe daqui a pouco.
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Hoje a Dani mandou o link de uma matéria da revista Época, dessa semana, alertando para o fato de jovens conseguirem apoio e dicas para se suicidarem, via internet.
Há anos atrás, quando minha sobrinha começou a acessar a internet [ela tinha uns 13 anos e preocupava-se com um indício do que poderia vir a ser uma barriga], eu alertei minha irmã sobre sites/fóruns em que adolescentes se unem para trocarem idéias de como fazer para vomitar/emagrecer/conseguir não comer - um movimento a favor da anorexia, que para elas não é doença, mas estilo de vida.
Antes de ontem, falando com a Nalu, ela comentou sobre uma amiga dela, blogueira, que perdeu um filho vítima de leucemia, e dividia suas experiências [e acredito eu, buscava apoio] em um blog. Fechou o blog porque alguém doente fazia questão de passar por lá e deixar comentários dizendo que se ela tinha tempo para escrever em blog, então a dor dela não deveria ser tão grande assim.
É assim. Como a própria matéria da Época diz em um certo trecho, a internet não traz nada de diferente, as doenças humanas são as mesmas. Só que aqui, somos encobertos pelo anonimato.
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Na mesma conversa com a Nalu, falávamos sobre o fato da gordura ser um preconceito socialmente aceito. No dia seguinte, fui caminhar em um parque e, durante a minha caminhada, ouví alguma coisa do tipo "Melhor caminhar mesmo", lá ao fundo, vindo de uma menina que estava dentro de um carro, atolado de gente [eu alí caminhando, e eles, de carro, dando voltinhas ao redor do parque, atormentando o exercício alheio]. Eu digo que ouví "lá ao fundo", porque tem já algum tempo que minha maior companhia de caminhada é um fone de ouvido com som bem alto. O tipo de "insulto", não é novidade para qualquer um que está acima do peso. As pessoas simplesmente se sentem no direito de, a qualquer hora, em qualquer lugar, cutucarem sua ferida. E eu achava que o problema era só comigo, mas uma amiga simplesmente deixou de pedalar porque não agüentou as ofensas*.
Veja bem, se passa alguém manco caminhando , ninguém vai gritar "ô seu manco"!
O sobrepeso é visto como um defeito... As maiores vítimas são as mulheres. Mas as maiores carrascas também. Não necessariamente porque queremos que seja assim, mas porque aprendemos a sermos competitivas...assim.
Nalu comentou uma coisa que nunca havia pensado. Há Gilberto Barros, Faustão e Datena. Apresentadores gordos. Qual mulher consegue, gorda, um porto assim na TV? Tivemos a Popovic, que está fora. Tivemos a irmã do Faustão... que nem sei o nome, sinceramente, que operou-se: cirurgia de redução de estômago.
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E o que uma coisa tem a ver com a outra?
O foco principal da matéria da Época, é um menino, de 16 anos que se matou. Mas, a matéria cita uma garota, se não me engano, da Inglaterra, que enforcou-se depois de ser ofendida em um chat, por um menino, que dizia que ela não era nada, ela e seu peso. O ofensor, na verdade, nunca existiu. Era um personagem criado por duas vizinhas da adolescente.
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Leio um livro com frases do Renato Russo. Em um pedaço ele fala da ironia de uma ocasião em que fazia um show, em Brasília. Enquanto cantava "Brigar para que, se é sem querer...", uma menina, que havia sido já agredida por um grupo, vê o lugar onde está ceder, cai de cabeça e morre.
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Assisto um documentário que relaciona religião a poder. Lembro de todas as vezes em que aqueles seguidores de alguma religião, fundamentada em amor e compreensão, tentaram me forçar a acreditar em suas verdades. E não me mostrando vulnerável, me tornei mal quista. Isso porque falávamos de amor e compreensão.
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Eu queria concluir de alguma forma este post. Mas melhor deixar aberto para que cada um encontre suas verdades e se apegue no que lhe dá força. Porque olha...vivemos dias difícies. E eu desconfio que foi assim desde a criação.
 
posted by UMA MENINA DE FAMÍLIA at 11:29 PM, | 1 comments

sexta-feira, fevereiro 08, 2008
Caixa



Abrí uma caixinha de recordações.
Cartões, os de plástico, perdiam-se em meio aos de papel, cheios de dedicatórias vindas de amorosos amigos [alguns apenas aqueles que a gente descobre depois de um tempo, serem sazonais], irmãos e amores, alguns eternos.
Hoje a caixinha me fez lembrar de tempos em que tudo era mais fácil.
Em que a coragem de arriscar vinha fácil, trazida apenas por um suspiro longo, com dúvidas e medos sempre, mas quase... inconseqüente, como todo bom rompante deve ser.
Ao longo da vida, papéis podem ser rasgados e o plástico cria peso de chumbo, pode tornar-se fator complicador.
Mas hoje a caixa rosa, ao ser aberta, deixou sair um sopro de coragem guardado e muito fortificado pelo tempo de encubação. Uma caixa de Pandora, às avessas.
Uma vontade de criar novas caixas, cheias de lembranças simples, felizes, mesmo quando terminadas tristemente.
O sorriso que nascia, a cada remexida, prova que tudo, tudo valeu.
Um sopro de possibilidades. Novas caixas que esperam ser preenchidas, porque nesta, em especial, não há mais espaço, e tem coisas, que a gente não pode jogar fora. Porque é ensinamento.

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posted by UMA MENINA DE FAMÍLIA at 10:12 PM, | 2 comments